terça-feira, 12 de julho de 2011

Secult entrega tela de Constantino Motta ao Museu de Cametá

No dia oito de julho, a Secretaria de Estado de Cultura - Secult, por meio do Sistema Integrado de Museus – SIM, reintegrou ao acervo do Museu Histórico de Cametá uma preciosidade do patrimônio cultural da cidade: a tela Cólera Morbus, de Constantino Motta. A cerimônia de entrega da monumental pintura, que mede 3,84 metros de largura por dois metros de altura, aconteceu no Museu Histórico de Cametá “Raimundo Penafort de Sena”, a partir das 17h, em evento aberto ao público. Antes, às nove da manhã, iniciou a mesa redonda com os temas Processo de Restauração e Preservação do Patrimônio Cultural, com os técnicos do SIM. A tela Cólera Morbus, do artista paraense Constantino Pedro Chaves da Motta, data da segunda metade do século XIX (c.a 1858). Em óleo sobre tela, a obra foi minuciosamente restaurada no laboratório de conservação e restauro do Sistema Integrado de Museus, após a celebração de um convênio de cooperação técnica entre a Secult e a Prefeitura de Cametá. A tela histórica, o dossiê e os painéis expositivos serão entregues à sociedade cametaense, na cerimônia de reabertura do Museu Raimundo Penafort de Sena. O espaço, sob recomendação da Secult, foi readaptado para receber a obra de um artista, até então esquecido no Estado. A obra se encontrava em total estado de degradação, apresentando perda de elementos estéticos, infestação por cupins, rasgos no tecido, além da oxidação que não permitia a apreciação da cena idealizada pelo artista sobre a epidemia de cólera que assolou o município de Cametá nos idos do século XIX. A restauração foi acompanhada por um trabalho de pesquisa histórica realizado por pesquisadores do Sistema Integrado de Museus. Juntamente com a tela restaurada, serão doados ao Museu Histórico de Cametá dois painéis expositivos sobre a obra e o artista. Para subsidiar futuras pesquisas e consultas, será repassado ao Museu de Cametá um dossiê com o processo de restauro, a pesquisa, textos e artigos publicados sobre a obra. Vale ressaltar que um dos trabalhos é do historiador Augusto Meira Filho e foi apresentado em 1975 no Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro com o título “Contribuição à História da Pintura na Província do Grão-Pará no Segundo Reinado: Esboço Biográfico de um Pintor Esquecido”. Neste mês de julho uma equipe do Sistema Integrado de Museus estará em Cametá para acompanhar o trabalho de montagem da tela no seu local de exposição. A devolução da tela Cólera Morbus ao município de Cametá é resultado do compromisso da Secretaria de Estado de Cultura em atender as diversas demandas da área museológica, em processo contínuo de valorização das heranças culturais dos municípios paraenses.
Constantino Pedro Chaves da Motta: Vida e Obra - Constantino Pedro Chaves da Motta nasceu em Belém do Pará em 10 de junho de 1820. Filho  de Ferreira da Motta e Maria Úrsula, se aperfeiçoou na arte do desenho e pintura em Roma no ano de 1847, na qualidade de pensionista (bolsista) da Província do Grão-Pará, retornando a Belém em 1855. Em 1856, o então Presidente de Província, Henrique de Beaurepaire Rohan, encarregou Constantino Pedro Chaves da Motta de compor um painel sobre a dedicação do falecido Vice-Presidente Ângelo Custódio Corrêa, vitimado pela cólera no ano anterior, evocando a memória do “tão prestante cidadão”. Esta encomenda era igualmente uma forma de avaliar seus estudos de pintura na cidade italiana, custeados pela administração provincial. Deliberou ainda o Presidente, que o artista fosse a Cametá colher informações e detalhes paisagísticos da cidade para aplicação de seu projeto. Ao artista, coube então o feito de expressar por meio das tintas a homenagem dos governantes, frisada em seus Relatórios Provinciais, pela ação de Ângelo Custódio Corrêa em tempos de cólera. Entre suas atividades de artista, Constantino da Motta desempenhou também o ofício de professor, sendo nomeado pelo governo imperial professor de desenho e pintura no Colégio Nossa Senhora do Amparo e, posteriormente, no Liceu Paraense e na Escola Normal, criada em 1875. Aos 69 anos, em 1889, faleceu em sua terra natal deixando em suas telas a interpretação de um artista acerca dos feitos e personalidades que marcaram o seu tempo, como os famosos retratos que ganharam forma em suas pinceladas. Dentre as suas obras, destacam-se “Cólera Morbus” (1858) e o “Retrato de D. Pedro II” (1875). (Texto: Acom Secult/Agência de Notícias Gerais/ Foto: Elza Lima)
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