segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

Belém do Pará, 393 anos e muita luta para arrumar o Turismo

Em meio a intenso movimento em vista da realização de expressivo evento mundial, o Fórum Social Mundial, Belém, capital paraense, chega aos seus 393 anos de fundação, e, segundo observadores, ainda na busca por soluções a problemas que se mostram inquietantes. Uma cidade aprazível e berço natural de roteiros turísticos espontâneos, a outrora “Cidade das Mangueiras”, que já deteve o título de portal da Amazônia, apresenta equipamentos que muito bem poderiam ser usados com mais resultados em prol da imagem da também conhecida “Metrópole da Amazônia”. Na opinião de grande número de operadores de Turismo que esteve em Belém, por ocasião da IV FITA - Feira Internacional de Turismo – levada a efeito em um dos mais elogiados equipamentos turísticos belenenses, o Hangar Centro de Convenções & Feiras da Amazônia, entre os fatores que alavancariam muito mais o turismo na principal cidade da Região Metropolitana de Belém se destaca a união de ações em torno de objetivos comuns. Apesar disso, muita coisa tem acontecido neste importante segmento.
A presidente da Companhia Paraense de Turismo, Paratur, advogada Ann Pontes, afirma que “no próximo dia 12 de janeiro, Belém completará 393 anos e tem vários motivos para festejar com diversas ações em prol do desenvolvimento turístico da cidade. Nesse sentido, a Companhia Paraense de Turismo (Paratur) trabalha para atender às necessidades da demanda turística com projetos como o de capacitação e qualificação da cadeia produtiva do turismo. A capital paraense será palco do Fórum Social Mundial (FSM) que ocorrerá no período de 27 de janeiro a 1º de fevereiro, evento que trará mais de 80.000 mil pessoas para a cidade. Com objetivo de otimizar o atendimento ao turista, a Paratur, em parceria com a Fundação de Amparo ao Servidor (Fasuepa) e o Departamento de Letras de Uepa, realizou o curso de língua estrangeira para a Companhia Independente de Policiamento Turístico (Ciptur), no qual foram capacitados 44 policiais que ficaram divididos em duas turmas de 22 alunos, sendo uma turma voltada para o idioma Inglês e outra para o Espanhol. Com essa ação, a empresa cumpre com o papel de ofertar serviços de qualidade ao turista”.
Sobre a recepção a quem chega à cidade, a explicação foi definida de forma objetiva. “A questão de recepcionar bem o turista ofertando melhorias na infra-estrutura de Belém está entre as principais metas da Paratur. Para isso, houve a projeto de sinalização turística da cidade, com a implantação de 230 placas, sendo quatro placas mapas, 140 placas gerais e/ou indicativas de acesso e, ainda, 86 placas educativas, que abrangem o chamado sítio urbano de Belém. A confecção e a instalação das placas obedecem ao Guia Nacional de Sinalização e seguem os padrões mundiais de sinalização turística estabelecidos pela Organização Mundial do Turismo. Para execução do processo, a empresa contou com recurso de Ministério do Turismo na ordem de R$ 212 mil. A Região Metropolitana de Belém será pioneira com um projeto que viabilizará água tratada a partir da chuva para 1470 famílias. Contando com a parceira entre Paratur e Secretaria de Estado de Desenvolvimento Urbano e Regional (Sedurb), o projeto contemplará, além do distrito de Mosqueiro, a cidade de Cotijuba, Outeiro e Combú”.
Dados fornecidos pela assessoria de comunicação da Paratur dão conta que “com a proximidade do Fórum Social Mundial (FSM), a Companhia realizou a entrega dos primeiros duzentos certificados do curso de capacitação do Programa de Qualificação e Requalificação dos Agentes Sociais da Cadeia Produtiva do Turismo na Região Metropolitana de Belém. Com um trabalho em conjunto com o Instituto Iagua, a Paratur espera capacitar seis mil pessoas abordando temas como turismo, qualidade no atendimento, práticas de hospedagem e noções de língua estrangeira como Inglês e Espanhol. Além de taxistas, manipuladores de alimentos, motoristas de ônibus, participaram também do programa as pessoas cadastradas para a Hospedagem Familiar".
Segundo dados do instituto Iagua, "já foram cadastradas oito mil leitos para a Hospedagem Familiar, superando as expectativas, que eram de seis mil”.
“A cidade está se preparando para eventos de grande porte e desponta com uma das capitais da Amazônia como candidatas para ser uma das sedes da Copa do Mundo de 2014”, afirma a presidente da Paratur, Ann Pontes.
FITA
No ano passado, Belém transformou-se no palco de um dos maiores eventos do setor turístico da região norte, a Feira Internacional de Turismo da Amazônia (FITA), que ocorreu no período de quatro a sete de dezembro no Hangar – Centro de Convenções e Feiras da Amazônia. Com o tema “Turismo e Sustentabilidade na Amazônia”, o evento teve como finalidade integrar os principais produtos e serviços da atividade turística dos Estados e países que compõe a Pan – Amazônia tendo em vista o mercado nacional e internacional. Nessa temática de colocar o Pará e, conseqüentemente, Belém na mira do mercado turístico mundial. A Paratur esteve presente em 32 importantes eventos nacionais e internacionais divulgando os principais atrativos turísticos do estado, além da realização de 45 Press Trips, onde profissionais da imprensa visitam a cidade com o intuito de fazer matérias divulgando a cultura, natureza e a história da região.
Todas essas ações refletem, diretamente, no fluxo turístico da cidade. Segundo a pesquisa de demanda turística, realizada durante o período do Círio no ano passado, os dados revelam um crescimento de 3,5 % na demanda, se comparada com mesma pesquisa realizada em 2007. Refletindo em dados mais precisos, em 2007, esse crescimentoo turismo receptivo no Pará gerou um aumento no faturamento, em 2007, de R$ 781 milhões, enquanto que, em 2006, foi de 710 milhões. Todos esses fatores resultaram no aumento da geração de empregos no setor de turismo. No ano passado, 76.157 empregos foram gerados e, em 2006, o número de pessoas que conseguiram emprego no setor de turismo foi de 71.374.

PÓLO BELÉM DE TURISMO
Por sua vez, a turismóloga e empresária Giselle Castro, presidente do Pólo Belém de Turismo do Fórum Estadual de Turismo (Fomentur), saúda a chegada de mais um ano de existência da capital paraense com uma frase peculiar: “A cidade morena vai completar 393 anos, nossa são quase quatro séculos de existência!!”. E completa, “mas ainda faltam sete anos para esta data tão importante. Aí paro para pensar o que eu posso comemorar, hoje, e o que eu gostaria de comemorar no aniversário de 400 anos de nossa cidade sob a ótica do turismo. Bom, neste aniversário de Belém vou comemorar uma nova e expressiva fase no turismo belenense, o nascimento de Belém para o Turismo de Eventos, um setor que dinamizou a cidade, em 2008, e começou a projetar Belém no cenário nacional de eventos técnico-científicos. Podemos analisar Belém, antes e depois do Hangar. Sem sombra de dúvidas, este moderno e versátil equipamento possibilita a captação de grandes eventos para nossa cidade. Aliado a isto, o apelo amazônico de Belém forma o casamento perfeito para seduzir e induzir a cidade morena como um novo cenário nacional para eventos”.
Uma pausa e completa a turismóloga, que ministra aulas em instituição de ensino superior: “Falando em grandes eventos, o Fórum Social Mundial vem aí e desejo comemorar, posteriormente, a projeção internacional de Belém como a cidade dos cheiros e sabores exóticos, da gastronomia apurada, da receptividade hospitaleira, da cultura diversificada, da paisagem amazônica exuberante, da materialização da história em belos e conservados patrimônios arquitetônicos e, claro, o sucesso logístico do evento. Se eu comemorar tudo isso, com certeza teremos um novo marco turístico em Belém, mas agora no cenário internacional, pois todos esses itens agregados formarão um forte atrativo turístico exótico em uma cidade da Amazônia.
Outras coisas que ainda desejo comemorar neste aniversário de 393 anos de nossa cidade é o fato de Belém ter sido escolhida, entre tantas cidades brasileiras, em 2008, para ser alvo de grandes e importantes projetos turísticos nacionais. Só para citar os mais importantes: Caminhos do Sabor; 65 destinos indutores, Economia da Experiência. Esses são projetos que estão qualificando turisticamente Belém em segmentos específicos como a gastronomia, hospitalidade, gestão pública e que visam gerar maior competitividade para o destino Belém.
E por falar em gestão pública, aproveito para ressaltar o que gostaria de comemorar por ocasião dos 400 anos de Belém. Com todos esses movimentos turísticos acontecendo em Belém, não da mais para pensar que Belém não tem uma Secretaria Municipal de Turismo! Então gostaria que, daqui a sete anos, Belém estivesse com uma Secretaria Municipal de Turismo muito bem estruturada e com técnicos capacitados para representar Belém em grandes eventos turísticos nacionais e internacionais, divulgando nossa cidade como o maior e melhor portão de entrada para a Amazônia, e, também, coordenando uma estrutura interna de organização, motivação e valorização do nosso povo para com a nossa cidade, estimulando o paraense a cuidar e valorizar melhor nossos atrativos e nossas riquezas, para que nossa cidade seja tão bonita para o turista externo, como agradável para seu turista interno.
Quero comemorar, em 2016, uma cidade totalmente estruturada para promover o Turismo de Negócios e habilitada para operacionalizar o Turismo de Lazer no pré e pós-evento, envolvendo toda a sociedade não só para lucrar com o fluxo turístico, mas também para educar o visitante a respeitar a cultura Amazônica de uma metrópole!”
BELEMTUR EM AÇÃO
Para o coordenador da Belemtur, Wady Kayath, a situação da capital paraense é de melhoria. Otimista, enfatiza que “é um prazer poder dar esse tipo de informação a Belém após quatro anos da primeira gestão do prefeito Duciomar Costa. Dentro do entendimento do nosso atual prefeito, ele tinha a leitura de Belém como uma cidade não preparada, arrumada, para receber os visitantes e muito menos para oferecer conforto para quem aqui mora. Então, no entendimento do prefeito, houve a necessidade de primeiro reestruturar a cidade, recuperar as belezas que nós temos, que são potencialidades naturais, para que, a partir de agora, elas possam ser transformadas em negócios. O Turismo é uma grande empresa que visa colocar Belém nesse patamar de nível de expoente regional, nacional e internacional. Então, se perguntarmos como é que está a nossa infra-estrutura, como estão os nossos equipamentos, alguns já temos como grande referência, como o nosso aeroporto internacional, mas não temos um vôo que ligue Belém direto ao resto do mundo. Tivemos um vôo que ligava Belém a Portugal, mas esse já não temos. Então, temos que recuperar. Quem chegar à nossa cidade vai chegar e ver que a cidade está com a malha viária recuperada, uma urbanização diferenciada com paisagismo nas praças. Poderá ter a certeza de que temos uma área de vegetação muito nobre e que faz ressaltar as nossas belezas naturais. Então nós temos, aqui, uma área continental muito bonita. Belém é belíssima neste aspecto, mas também enriquecida pelas dezenas de ilhas que estão no entorno dessa área continental. Então, se verificarmos oficialmente temos 39 ilhas, mas na realidade sabemos que temos mais de 70, que foram agora mapeadas. Então isso tudo oferece a condição, para quem gosta do turismo ecológico, fazer um grande passeio, conhecendo a mata nativa da nossa Amazônia. São igarapés e rios que encantam a qualquer pessoa que quer conhecer a Amazônia. Fora isso, Belém se destaca pelo seu potencial também na área do patrimônio histórico, na área da culinária. Nossa culinária é muito diferente, uma mistura da indígena com a africana, com influência européia. Então temos o nosso pato no tucupi, a maniçoba, o tacacá. Nossas frutas, as mais diversas, fazem sucesso em qualquer parte do mundo. Destacamos o nosso açaí, o cupuaçu, mas também não ficam atrás o bacuri, o uxi, a castanha do Pará e por aí vai. Se falarmos no artesanato, é outra área específica que temos para potencializar. Belém tem diversas vocações, potencialidades para serem exploradas dentro do Turismo. Há lugares que têm apenas uma ou duas e se destaca. Isso mostra que precisamos nos arrumar melhor e, no entendimento do prefeito, não poderíamos chamar visitantes para virem à nossa casa sem antes arrumarmos a nossa casa para nós mesmos nos sentirmos bem nela. Hoje, essa situação é diferente. Queremos criar esse bem estar, elevar a auto estima de quem mora aqui, para que a gente estando muito bem possa trazer o turismo. Lembrando sempre que a estratégia que a Prefeitura tem é de usar o turismo para o fomento de geração emprego e renda. Por que a gestão pública, por último resultado que tem que ser aferido é a melhora da qualidade de vida. Então, não estamos buscando tão somente o crescimento econômico, ou seja: geração de riqueza através do turismo. Queremos proporcionar a questão do desenvolvimento econômico para podermos dividir esse bolo de riqueza por um número maior possível de pessoas. Aí, teremos o desenvolvimento econômico, que é o ideal”.
PRESIDENTE DA ABAV PREOCUPADO
Outro experiente operador de Turismo, o presidente da Associação Brasileira de Agências de Viagens (Abav), seção Pará, Rui Martini, também comemora a data, mas para não fugir ao seu constante posicionamento em defesa do trade, acrescenta sua grande preocupação com o futuro do turismo de lazer. Rui Martini diz que “É uma alegria a gente ver Belém completar mais um ano e completar numa situação muito boa no que diz respeito à infra-estrutura para o turismo. Há dez anos, não tínhamos as condições que tem, hoje, Belém. Belém é uma cidade pronta para o turismo no que diz respeito a equipamentos. Tem ótimos equipamentos, uma rede de hotelaria razoável, crescendo. Tem uma rede muito boa de restaurantes, elogiada por todos os que vêm aqui. Enfim, Belém está muito bem no que diz respeito à infra-estrutura. Agora, lamentavelmente, isso não se repercute quando a gente fala em fluxo turístico. O fluxo turístico para cá está baixíssimo. O menor dos últimos 20 anos, no que diz respeito ao Turismo de Lazer. É o menor dos últimos 20 anos. É muito preocupante. Hoje estamos atrás até do Piauí, como destino turístico. Porque, simplesmente, não estamos mais investindo nisso. Não estamos sabendo como vender Belém. Entendemos que o produto era Belém com Marajó. Porque, realmente, é. O melhor produto que temos, o único, talvez, pronto para venda, é Belém com o Marajó. Altamente atraente, mas de qualquer forma, agora, prejudicado pelas condições do Marajó, especialmente por causa do transporte. Sabemos da velha história dos barcos, até agora não resolvido. Independentemente disso, Belém poderia tentar se desvincular disso e se vender sozinha. Belém já tem condições de manter uma pessoa por cinco dias com atrações para todos os dias. Podia pensar em envolver Mosqueiro, por exemplo. Ao invés de Marajó, Mosqueiro. Podia pensar uma porção de coisas. Criatividade é palavra. Agora, eu fico feliz pelo aniversário de Belém, mas fico muito preocupado pela sua situação no que diz respeito a Turismo, que precisa, agora com o anúncio do prefeito da criação de uma Secretaria Municipal de Turismo, que vai precisar de investimentos altos em divulgação e muita criatividade, muita criatividade mesmo para vender Belém e coloca-la no patamar que ela merece estar”. (Agência de Notícias Gerais)





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