quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Estado Escuta/Estado Cegueira, sucesso na Casa das Onze Janelas



Uma mostra em prinícipio despretensiosa – objetos simples e em número reduzidos – mas que encerra um grande apelo de linguagens, tanto sonora, assim como visual, foi uma das inúmeras impressões vivenciadas por quantos tiveram a oportunidade de participar do vernissage da exposição conjunta “Estado - Escuta / Estado - Cegueira”, das artistas Raquel Stolf e Cláudia Zimmer, aberta no Laboratório das Artes, na Casa das Onze Janelas. Ao chegar ao salão, o visitante se depara com um quase vazio, mas que, por si só, diz bastante à medida que é estabelecido um contato inicial com as obras expostas. Nas fotografias apresentadas por Cláudia Zimmer, há um meticuloso trabalho com sombras que, para os mais perceptivos, demonstram claramente uma leitura sutil, porém profunda, de detalhes que se perdem no contexto, porém que falam se ressaltadas a partir de uma visão interior. O que parece, à primeira vista, simples manchas, na verdade, são referências intrínsecas em uma imagética composta do interior para o exterior. A sensibilidade e a percepção da autora ficam evidentes ao retratar paisagens comuns às pessoas, nas quais elementos como as chamadas “moscas voadoras” - objetos muito escorregadios e se o observador tenta fixá-los, "deslizam" escapando, como se voassem, daí que lhes foi dado o nome do "Muscae Volitantes" ou moscas voadoras – são apresentados em primeiro plano. Sem dúvida um efeito marcante.
Da mesma maneira, a edição da musicalidade dos sons produzidos por cigarras e representativamente distribuídos em objetos simulando pedras causa impacto sonoro e prende a atenção dos visitantes. O vídeo, no qual é mostrado um percurso sonoro da autora da obra, Raquel Stolf, levando consigo a mesma musicalidade das cigarras também merece atenção e demonstra, nitidamente, ora a mistura de linguagens sonoras, ora a sua dimensão quando confrontada com um ambiente mais silencioso. Segundo as autoras, que se conhecem muito antes mesmo de suas manifestações artísticas e, atualmente, convivem no Rio Grande do Sul em atividades educacionais, os trabalhos se fundem e acabam por confirmar a interatividade nos estados escuta-cegueira. Daí a contemplação vitoriosa no Prêmio SIM de Artes Visuais e a classificação no Arte Pará deste ano. Na opinião do artista plástico e luthier Luiz Macambyra, iniciativas como esta são bem vindas e merecem aplausos, pois a maioria das pessoas se deixa envolver por um universo comum e acaba por deixar passar despercebidos detalhes importantes. A visitação às obras permanecerá até o dia 28 deste mês, de terça-feira a domingo, das 10h às 18h, no Laboratório das Artes, na Casa das Onze Janelas.
(Agência de Notícias Gerais)



Um comentário:

***Elisa, @contece*** disse...

É muito interessante a exposição, no sentido da falta de percpitividade visual.