sexta-feira, 15 de maio de 2009

Palestra de Haroldo Tuma na Semana de Museus

Incluída na programação da Semana de Museus, a palestra a ser proferida por Haroldo Tuma, a respeito do tema “Museu como ferramenta turística” chega, em boa hora, para esclarecer um ponto que é alvo constante de debates. Muito embora a capital paraense disponha de aparelhos turísticos voltados ao turismo cultural e religioso, observadores questionam sua utilização e chegam ao ponto de considerar esse segmento turístico incipiente, se comparado a outras capitais brasileiras. Sobre o escopo de sua palestra, Haroldo Verbicaro Tuma, turismólogo e técnico em Gestão Cultural SIM/Secult, esclarece que “a idéia central é mudar a forma de uso de nossos museus. São muito pouco utilizados pelos turistas que nos visitam, talvez pela falta de divulgação e, também, pela falta de hábito da população. E por que isso é assim? Porque a maioria de nossos museus é, ainda, muito “fechada”, em sua essência. Não há vida! É preciso que eles sejam mais “vivos”, que tenham maior interatividade com o público. Vou falar muito sobre isso: o museu “vivo”!!”. Ao externar sua opinião a respeito da importância dos museus existentes na capital paraense, como instrumentos para incrementar o turismo local, Tuma enfatizou que “Creio que esta importância perpassa pela História da Amazônia, que é fantástica, e ainda muito pouco contada! Sem falar que essa História (com H maiúsculo) também pode ser misturada com a história (com h minúsculo), que a torna mais interessante ainda ao turista. Por que ainda não temos um museu da Borracha ou da Cabanagem? Quando o turista chega ao Rio Grande do Sul é “bombardeado” com a Guerra dos Farrapos e sai de lá sabendo tudo sobre isso. Quando chega a Santa Catarina fica sabendo tudo sobre Anita e Giusseppe Garibaldi, os grandes libertadores dos “barrigas-verdes”. Estes foram eventos contemporâneos da Cabanagem e, aqui, mal falamos sobre isso. Nem mesmo os paraenses falam sobre isso. Precisamos valorizar e divulgar mais nossa História e nossas histórias. A Era da Borracha, na Amazônia, foi um período fantástico e mal estudamos isso nas escolas. As pessoas mal sabem o que foi essa época. Se tivesse acontecido em outra região, seria muito bem explorada com um museu, um parque temático sobre a borracha, uma praça pública que lembrasse a época. Enfim, seria muito bem usado turisticamente”. Ao demonstrar conhecimento de causa e, também, ser apaixonado pelo assunto, Haroldo Tuma analisou o turismo cultural em Belém, exemplificando seu ponto de vista com a afirmação de que esse segmento pode ser considerado “muito pouco. Existem incipientes grupos de engenheiros e arquitetos que aqui chegam para turismo cultural, mas são tão poucas pessoas e tão sem continuidade que, ainda, não pesa na nossa balança do turismo. Os resultados ainda são desprezíveis no cômputo geral. Temos uma cidade que deveria “ferver” de tanto turismo cultural. Fico imaginando o bairro da Cidade Velha, totalmente restaurado, com vida agitada, diuturnamente. Vejam o exemplo do bairro do Recife Antigo, em Pernambuco. O poder público apenas deu o “ponta-pé” inicial e, depois, as empresas privadas cuidaram do resto. Hoje, é um bairro totalmente recuperado de anos de degradação e abandono e que “vive e respira” como algo novo”. A respeito do tratamento dispensado aos museus, como fonte de difusão cultural e, simultaneamente, atração turística, diz Haroldo Tuma que isso acontece apenas “parcialmente”. Enfatiza Tuma, ainda, que “O trabalho feito junto às escolas públicas do Estado e do Município tem obtido bons resultados, embora ainda tenhamos um grande caminho a percorrer até chegar onde queremos. E o que queremos? Que a iniciativa de visitas seja da própria escola, do diretor, dos professores, dos pais dos alunos e, por fim, dos próprios alunos. Que essas visitas culturais aos museus passem a se espontâneas e não induzidas. Como atrativo turístico falta divulgação por parte das operadoras locais. Ainda recebemos o turista mais como turista de lazer. Pensamos mais em levá-lo às praias que merecem ser visitadas por serem lindas, mas precisamos, também, trazer turistas aos museus, aos prédios de valor histórico, que ainda necessitam de restauro e melhores cuidados. Enfim, precisamos de divulgação mais intensa e especializada”. Ao concluir sua explanação, Haroldo Tuma, como "expert" do assunto, diz o que pode ser feito para melhorar a relação entre os segmentos cultural e turístico no sentido de oferecer melhores opções aos visitantes que se interessam pela Museologia. “Creio que é preciso que os museus sejam mais “vivos”, que tenham mais interação com o visitante, seja ele turista ou habitante local. Na palestra, mostrarei um exemplo de museu “vivo” que existe em Minas Gerais e que acho fantástico. É um exemplo de completa interatividade com as pessoas. Os museus, também, podem ser mais “curiosos”. Isso, na palestra, também abordarei. Falaremos sobre os museus “curiosos”. Convido a todos para assistirem este bate-papo cultural e a constatarem como podemos mudar nossos museus”. (Agência de Notícias Gerais/Foto: Agência Pará )

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