sexta-feira, 13 de julho de 2012

A hora H do Turismo paraense

Nilton Guedes *
O turismo na Amazônia, em especial no Pará, passa por um processo de revitalização. Sacudido pelos ares de confiança conquistados pelo trabalho, determinação e nível de planejamento que é verificado desde o início do atual governo estadual, este importante segmento econômico é alvo do interesse de alguns integrantes da classe empresarial. Na condição de observador, como profissional de Comunicação, acompanho com bastante interesse esse alentador quadro. Não foram poucas as ocasiões nas quais conversei com empresários participantes das reuniões do Fórum Estadual de Turismo (Fomentur), oportunidades nas quais ouvi críticas e lamentações diante do “abandono” ao qual foi relegada a chamada “indústria sem chaminé”. Não pela falta de esforço por parte dos que, como sempre frisei em meus comentários (quer em emissoras de rádio, quer em matérias e colunas por mim assinadas), carregaram o piano e, apesar das graves limitações, principalmente financeira, mantiveram acesa a chama do crédito oferecidos às ações desenvolvidas no sentido de destacar e vender o potencial do “Pará, obra prima da Amazônia”. Nem mesmo a perda da chance do Estado ser uma das sub-sedes da Copa do Mundo de Futebol, programada para 2014, afetou o otimismo e a esperança por dias melhores. Uma coisa é certa: a criação da Secretaria de Turismo (Setur), que há muito era cobrada por lideranças do trade turístico, e a parceria estabelecida por parte desta com a Companhia Paraense de Turismo (Paratur) já rendeu bons frutos. O sucesso alcançado pela realização da VI FITA (Feira Internacional de Turismo), no Hangar Centro de Feiras & Convenções da Amazônia, trouxe em sua esteira vários fatos que comprovam que esta é a hora “H” do Turismo no Pará. A programação do evento, que reuniu representantes do governo estadual, integrantes do trade turístico estadual, empresários, profissionais liberais autônomos e estudantes, principalmente da área do Turismo, satisfez o expressivo número de observadores que acompanhou as ações neste segmento econômico, com destaque para medidas adotadas durante a feira, como os lançamentos do livro de pesquisa “Terra, Água, Mulheres & Cuias”, organizado por Antonio Maria de Souza Santos, do MPEG, e Luciana Gonçalves de Carvalho, e do prêmio de jornalismo “Comendador Marques dos Reis”, que contou com a participação do presidente da Associação Brasileira de Jornalistas de Turismo (Abrajet), jornalista Élcio Estrela. Em determinado momento, a presidente da Paratur lembrou que o Pará é referência em turismo na Amazônia, que é prioridade do Governador Simão Jatene desenvolver esse turismo como gerador de emprego, renda e qualidade de vida à população e as visitantes. “Que possamos confiar no trabalho do nosso governador e construir um novo processo de turismo que começa agora, a partir da realização da FITA 2012”. Sobre essa declaração divulgada na mídia, faço questão de ressaltar que confiança, pelo menos por parte de um grupo sempre existiu. Esforço também sempre houve. O que acontece, agora, união de forças é o que precisa ser fortalecido. Como sempre afirma o comandante Amorim, âncora do programa “A Hora do Aposentado”, levado ao ar aos sábados, a partir das nove horas, pela Rádio Clube do Pará AM 690, no qual participo como co-apresentador, somente “unidos seremos fortes”. Vamos torcer para que isso, realmente, se materialize.
Lançamento de obra com apoio do PRODETUR - “Aritapera: Terra, Água, Mulheres & Cuias” é o nome da obra organizada pelos antropólogos Antonio Maria de Souza Santos, e Luciana Gonçalves de Carvalho. A Coleção Mapeamento Cultural Polo Tapajós, tem o objetivo de publicar trabalhos sobre manifestações artístico-culturais presentes nos municípios de Santarém, Belterra e Oriximiná, dentro dos objetivos do Programa Nacional de Desenvolvimento do Turismo no Estado do Pará (PRODETUR). O livro aborda a importância da utilização das cuias no universo amazônico e como elas estão inseridas no cotidiano das comunidades ribeirinhas. Feitas do fruto da cueira (Crecentia cujete), a sua utilização possui origem indígena, conforme aparecem em registros de missionários que percorreram o baixo-Amazonas desde o século XVII. O enfoque principal retratado no livro é o distrito de Aritapera, situada na área de várzea do rio Amazonas, há cerca de quatro horas de barco de Santarém, que envolve o trabalho de cerca de 200 famílias, inseridas na Associação das Artesãs Ribeirinhas de Santarém (ASSARISAN), que foi criada em 2003, com o objetivo de aprimorar a produção e a comercialização das cuias, além de valorizar os saberes e fazeres artesanais da região. A importância da atividade começou a ser pesquisada desde 1977, por Antonio Santos, atualmente representante do Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG) e da Universidade do Estado do Pará (UEPA) no PRODETUR, relata que de acordo com a própria comunidade, nos últimos 10 anos a atividade vem ganhado maior destaque, resultando na crescente valorização e divulgação, passando a ganhar novas opções de mercado. Esse fato foi constatada a partir de março deste ano, com a aplicação do PRODETUR, quando foi feita uma visita técnica envolvendo profissionais da Paratur e do MPEG ao Pólo Tapajós. Luciana Carvalho, professora da Universidade Federal do Oeste do Pará (UFOPA) e representante da instituição no PRODETUR, nos últimos 10 anos tem sido colaboradora e articuladora dos trabalhos de valorização do artesanato das cuias do Aritapera. Ela coordena o Programa de Extensão Patrimônio Cultural na Amazônia (PEPCA) na UFOPA. “A pesquisa é importante não só pela produção e difusão de conhecimentos, mas também pelo potencial de criação de novas alternativas socioeconômicas para as comunidades”, afirma. Os textos tratam do artesanato de cuias em diferentes aspectos (modos de fazer, iconografia, importância econômica, cartografia), de histórias de vida de artesãs, da criação da marca coletiva adotada por um grupo de produtoras e de algumas experiências de intervenção e organização da produção e da comercialização das cuias do Aritapera.

Antonio Maria de Souza Santos, que com Luciana Gonçalves de Carvalho
organizou a publicação "Aritapera: Terra, Água, Mulheres & Cuias",
e a representante da Associação de Mulheres Artesãs de Aritapera.


Entre os textos selecionados estão trabalhos do próprio pesquisador e de recentes pesquisas desenvolvidas por alunos e colaboradores da UFOPA. Entre a coletânea de trabalhos inseridos na publicação está: - Aritapera: uma comunidade de pequenos produtores na várzea amazônica – Santarém-PA (Antônio Maria de Souza Santos – Pesquisador do MPEG/Professor da UEPA) - Histórias de vida e encantos no Aritapera (Ádria Fabíola Pinheiro de Sousa) - A marca coletiva Aíra e mercados para as cuias do Aritapera (Jeferson Oriente Brelaz Sampaio Júnior) - Projetos e transformações no artesanato tradicional das cuias de Santarém (Zenilda Maria Bentes) - Iconografia atualizada das cuias do Aritapera (Ádrea Gizelle Morais Costa) - Cartografia social das produtoras de cuias do Aritapera (Igor Montiel Cunha) - A Cuia nossa de cada dia (Rubia Goreth Almeida Maduro). A apresentação do livro ficou por conta do Secretário de Estado de Turismo, Dr. Adenauer Marinho Góes e as fotografias da artista plástica e fotógrafa Elza Lima colaboram com o embelezamento da obra.  Esta importante publicação foi lançada durante o momento cultural da VI Feira Internacional da Amazônia.
Parabolic@mazonica - Conversei com o nosso presidente da Abrajet, jornalista Élcio Estrela, a respeito de ações que venham atingir municípios paraenses. Em encontro que participaram representantes do Marajó, de Marabá, de Curuçá e da Famep, foram analisadas possibilidades para que se tornem realidade iniciativas que, realmente, tragam benefícios aos partícipes dessas parcerias. @@@ Ao contrário do que chegaram a comentar os "eternos insatisfeitos", mais uma vez o Pará pode demonstrar seu "know how" em organização de grandes eventos com a realização da sexta versão da FITA. @@@ Quando instado a emitir sua opinião como prepresentante do Governo, o secretário de Estado de Turismo do Pará, Adenauer Góes, avaliou positivamente a FITA. “O Governo do Estado avalia a FITA como o primeiro exemplo de que o Sistema Estadual de Gestão do Turismo (Segetur), formado pela Setur, Paratur e Fórum de Desenvolvimento Turístico do Estado do Pará (Fomentur) realmente funciona dentro de uma sintonia entre o poder público, a sociedade civil organizada e o empresariado. Ao lançarmos produtos, como o Passaporte Pará, o Prêmio de Jornalismo em Turismo “Comendador Marques dos Reis” e apresentarmos resultados, como o workshop Prodetur, do Plano Ver-o-Pará e a metodologia e tecnologia dos inventários turísticos de 10 municípios, nós na verdade estamos apresentando o resultado dos investimentos do Governo do Estado, em parceria com o trade para o fortalecimento, fomento e desenvolvimento do turismo do Pará”. Adenauer disse, atmbém, que a Paratur cumpriu sua missão promocional e de divulgação e marketing com o evento. @@@ Até a próxima edição.
* Jornalista, radialista e diretor de Projetos Especiais da Associação Brasileira de Jornalistas de Turismo (Abrajet/Pará) 


Nenhum comentário: