quarta-feira, 23 de maio de 2012

O "Anjo Pornográfico" Nelson Rodrigues é desnudado no Sarau da Feira no Teatro Estação Gasômetro

Escritor Carlos Correa encaminha pergunta do professor Roberto Galvão
Atores da Cia do Sarau arrancaram demorados aplausos da plateia
Professor Roberto Fadel entra no teatro declamando poema

O teatro Estação Gasômetro, no Parque da Residência, recebeu expressivo público, em sua maioria estudantes de escolas de 1° e 2° graus, que acompanhou atenta e interativamente a exposição do professor Roberto Fadel, profundo conhecedor das obras do jornalista pernambucano e taumaturgo Nelson Rodrigues, sobre o escritor com o tema “Cem anos de Nelson Rodrigues: o gênio que a polêmica abençoou”. O Sarau da Feira é parte integrante das atividades da XVI Feira Pan-Amazônica do Livro, programada pela secretaria de Estado da cultura para o período de 21 a 30 de setembro. A partir das 19h20, a plateia aumentou sensivelmente preenchendo arquibancadas e cadeiras do teatro Estação Gasômetro. O palestrante, antes de iniciar sua performática explanação disse que “ver a juventude do século XXI se fazer presente em um evento sobre o gênio da dramaturgia, é gratificante. É bom ver que ele é esperado por um público jovem como esse”. Ao entrar literalmente em cena, o professor Fadel desceu os degraus do teatro por entre os espectadores, declamando um poema relacionado com o homenageado, Nelson Rodrigues, a quem inicialmente definiu como “um menino que vê pelo buraco da fechadura um anjo. Um anjo pornográfico”. Disse ainda que “o teatro, no Brasil, está dividido em duas fases: antes e depois de Nelson Rodrigues, com destaque para a obra “Véu de Noiva””. Comentou, também, passagens inusitadas do comportamento de Nelson Rodrigues, como o caso de sexo oral que o polêmico autor teria praticado, aos quatro anos, com outro menino. Disse, ainda, que Nelson Rodrigues, mulherengo inveterado, adorava as prostitutas, razão pela qual elas sempre pontificaram em suas obras. Citou o perfil machista do autor pernambucano, que pautou seu trabalho no objetivo de atacar a falsa moral das famílias de sua época. A Companhia do Sarau apresentou três performances de alto nível: “Uma Senhora Honesta”, “A Dama do Lotação” e fragmentos de “Toda Nudez Será Castigada”.  Como sempre acontece, o apresentador do sarau, professor e escritor Carlos Correa, motivou a plateia a interagir com o palestrante, formulando perguntas, que foram em grande número. Os presentes, por estarem bem sintonizados com o assunto, nem perceberam a hora passar. Ao comentar a iniciativa da Secult em promover os saraus da Feira, Iara Correa Santos, mãe do professor e escritor Carlos Correa disse que “sempre acompanho os saraus. O tema deste motivou ainda mais minha presença. Acho que é muito importante para estudantes e para o público em geral. Sem dúvida alguma, é muito bom”. No encerramento do evento, às 20h50, houve sorteios de obras e CDs de escritores e cantores paraenses. Alunos de escolas como “Amilcar Tupiassu”, “Aníbal Duarte”, “Benjamin Constant”, “Deodoro de Mendonça”, “Celso Malcher”, “Rego Barros”, “Dr. Freitas”, “Orlando Bittar”, “Paes de Carvalho”, “Placídia Cardoso”, “Jerônimo Pimentel”, “Visconde de Souza Franco” e “Mário Chermont”, assim como membros da Academia Paraense de Letras prestigiaram o evento. O próximo Sarau da Feira, previsto para o vindouro mês de junho, terá como autor homenageado o escritor Jorge Amado. (Agência de Notícias Gerais)
 

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