terça-feira, 19 de abril de 2011

Tragédia em Realengo. Uma questão de ponto de vista

Rio de Janeiro. Crianças. Adolescentes. Loucura. Gritos. Psicopata. Morte. Isto representa o cenário da TV brasileira desde ontem, às 08h30minh. Há de se pensar nas vítimas, na curiosidade em saber "como" e "por que" aconteceu tal atrocidade humana. Entretanto, há de se preocupar, também, com outro fato talvez mais importante: o porte de arma e o treinamento ilegal. É sabido que o sujeito Wellington Menezes, de 23 anos, retirou a própria vida após realizar o massacre na escola municipal Tasso da Silveira. Ou seja: em relação à punição não há mais o que fazer, ele puniu a si mesmo. Provas existem várias. Personalidade, perfil deste sujeito são informações que apenas alimentarão uma grande ansiedade para tentar entender o caso, o fato atroz... E qualquer pessoa, no mínimo coerente, sabe que não há coerência em matar 12 seres humanos, entre 12 e 14 anos. Então isto é leviano e torturador às pessoas e à população do país. O que deve ser mais sensato é a busca pela origem das armas. Onde este cidadão conseguiu tais armamentos sofisticados? Como ele treinou ou quem o treinou? A perícia já evidenciou que o criminoso tinha habilidades com as armas e sabe-se que lidar com isto não é para leigos...
Há algo maior por trás disso tudo e isto sim deve ser investigado! Dar Ibope ao que fez e ao como fez estimula outras mentes insanas a quererem toda essa "atenção majestosa" sobre si. Ensina bandido a repetir a dose. Portanto, buscar a origem do armamento, combatê-lo, retirar as possibilidades de qualquer psicopata realizar seu ato dito "nobre" - como alguns psicólogos definem como pensam tais malfeitores - isto sim deve ser eliminado. Quem treinou Wellington ou forneceu material ilegal a ele é tão criminoso quanto ou até pior que o jovem de 23 anos.
Outro fato: Jovens como Wellington são um prato cheio para os "senhores das armas".  Mente frágil, "psicopatia", covardia e determinação. Jovens que acreditam no tudo ou nada e, principalmente, desvalorizam a si mesmos, uma vez que cometem o suicídio para atestar o quanto não têm capacidade de olhar para o mundo e protegê-lo, pois têm, no íntimo, a idéia de serem perdedores, desumanos; ou paradoxalmente falando, sentem-se heróis. "Você não pode mudar o mundo se não mudar a si mesmo."
Enquanto houver brechas, circulação plena e direta da ilegalidade, este retrato de Realengo, infelizmente, ainda perdurará. No dia sete de abril, o Brasil viu 12 crianças morrerem em um único momento. Em um mesmo lugar. Entretanto, vale ressaltar que TODOS OS DIAS isto acontece na periferia, no tráfico, nas escolas, na igreja, enfim... Em todos os lugares que a ilegalidade armada ou corrupta circula. Isto é fato, não é feito. Vale, então, este despertar para a segurança pública e o desejo para que medidas intermitentes sejam feitas ao combate das armas ilegais, antes que mais crianças e jovens sejam afetados brutalmente.
Enquanto isso, uni-vos a Chico Buarque: "Eu que não creio, peço a Deus por minha gente, que vontade... de chorar..." Orar, só isto ajudará essas pobres almas ceifadas.
(Colaboração de Denise Mychely de Oliveira Monteiro, professora de Redação e Literatura)

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